O Processo Criativo de Game Design para ter Ideias

Game Design se trata de criar experiências aos seus jogadores. Esse jogo aí em cima é o Born Race, meu futuro jogo para a Steam. A ideia veio de um processo. Começou em fazer jogos de corrida de forma diferente. A seguir, de um amigo numa viagem de ônibus. Depois, de um jogo de corrida para celular que fiz no passado junto a outras pessoas. Por último, de um jogo descontinuado do meu estúdio de jogos que tinha. Ela passou por muitas mudanças e adequações, inclusive mudou até o gênero para aventura.

Enquanto ela era só uma ideia de jogo, ela não era um produto que o jogador pudesse experimentar. Mas… e se nem tiver uma ideia. Como ter uma aos nossos jogos?

Vou contar um pouco de processo e da minha experiência nesse sentido.

Game Design e suas Referências

Se você não se alimenta de conteúdos, vão faltar inspirações. Tudo que construímos de experiências ao longo da nossa vida, ajudarão na criação de ideias. Criatividade é nada mais é que resolver problemas.

Quando buscamos criar jogos, muito da nossa bagagem de jogos que conhecemos vai influenciar no processo. Como você quer criar jogos de RPG se nunca jogou um? Como você espera criar jogos de pequeno porte se só joga AAA?

E o mais importante: tudo é experiência que nos serve. Inclusive o que não é jogo. Um livro, uma viagem, um filme, uma história em quadrinhos, uma história ouvida de alguém, uma comida, uma música… Isso pode nos inspirar.

Como diz o Austin Kleon, autor do livro “Roube como um Artista”: “O que um bom artista entende é que nada vem do nada. Todo o trabalho criativo é construído sobre o que veio antes. Nada é totalmente original”. Então… roube como um artista também e combine as referências para gerar novas.

Neste vídeo falo disso também:

J. K. Rowling teve a ideia do Harry Potter em suas viagens e nas suas experiências no seu país. Toru Iwatani, criador do Pacman, teve a ideia dele comendo uma pizza e vendo que, faltando um pedaço, formava-se o comilão do jogo ali. Só que veja que eles todos já estavam pensando no problema, pesquisando, trabalhando nele. Não ficaram esperando uma inspiração vir. Com isso, prepararam-se para receber o insight. Então, se não tem referências, pesquise. E, claro, deixe incubar o problema para vir as ideias. Isso faz parte do processo criativo que vou explicar adiante.

Game Design e o Processo Criativo

O processo criativo é fundamental para conseguirmos desenvolver boas ideias e várias delas. Afinal, nem sempre a primeira ideia será boa.

No livro “Técnica para Produção de Ideias” do James Webb Young ele traz um processo criativo usado na publicidade. E vou te dizer: funciona muito bem para jogos também. São cinco etapas:

a) Coleta do material puro, tanto o diretamente relacionado ao seu jogo quanto materiais originários de um constate enriquecimento de sua cultura geral. Pesquise, pesquise e pesquise;

b) Trabalhar estes materiais coletados na sua mente. Use as técnicas criativas para isso. Veja diversas possibilidades de uso, mesmo as mais absurdas aparentemente. Lembre-se que jogamos um jogo de um encanador que salva uma princesa no Reino dos Cogumelos. Quer mais viagem que isso?

c) Estágio de incubação, ou seja, já fez os passos anteriores? Agora vai resolver outros problemas do teu jogo. Logo virá o estágio d). Tem que deixar o inconsciente trabalhar;

d) O estágio Eureka!, o nascimento da ideia que foi deixada incubada e que surgiu por isso, pois nosso cérebro continuou trabalhando na ideia. Mas em stand by;

e) Contorno final, revisões e desenvolvimento da ideia final para o uso no jogo. Agora sim adequações, acabamentos e revisão final da ideia para ser usada mesmo.

Dessa forma, você conseguirá desenvolver ideias. Perceba que as etapas envolvem mais transpiração que inspiração. Muito trabalho para depois vir o passo d).

Pesquise o que Já Existe

Sempre pesquise sobre a temática do jogo que irá fazer, o gênero, plataforma com outros jogos de mercado. Depois, classifique cada um dele de forma organizada e metódica para avaliar o que tem de bom ou não. Isso se chama benchmarking, uma técnica usada para se perceber padrões e já seguir o que está sendo feito de bom no mercado. Reinventar a roda para que, não é mesmo? Fora que ainda vemos padrões e conseguimos melhorar o nosso jogo para se diferenciar do que tem por aí.

No meu jogo Born Race que estou produzindo para a Steam – acompanhe-o inclusive para saber quando será lançado – fiz isso. Busquei jogos dessa temática e ainda os que me inspiraram para ter ideias ao meu projeto atual. Olha aí a lista de jogos abaixo. Percebi que a maioria era bem casual, ia para o cômico e arte bem tosca.

Concluí na minha proposta: vou fazer um jogo com uma arte melhor, manter o humor (alivia sobre o tema), simplificar os controles e dar uma imersão de mecânicas e narrativa também mais interessante. O resultado? É um jogo mais artístico e atraente para divertir ao jogador, não algo tosco ou um tratado de medicina.

Só percebi isso com a pesquisa. Não fiquei parado esperando uma luz descer na minha cabeça. Depois, vieram mais ideias e contribuições, mas não fiquei parado.

Game Design e Uso de Técnicas Criativas para Ideias

Vou deixar um vídeo aqui do Fábrica sobre técnicas criativas. Ajudam muito a pensar melhor nas alternativas de jogos, levantar ideias. Creio que te ajudará nesse processo, principalmente em equipe que precisa pegar ideias dos outros também.

Ter ideias faz parte de um processo de pesquisa, referências anteriores, respeitar o processo criativo e trabalhar neste problema, como vocês viram. Com isso, você verá que terá várias ideias e poderá se aprofundar mais no game design. Aliás, se quer aprender mais sobre a área, tenho um curso sobre o tema que pode te ajudar neste início. Aproveite e venha aprender comigo.

Fabiano Naspolini de Oliveira

Meu nome é Fabiano Naspolini de Oliveira e atuo na área de jogos desde 2006, quando comecei estes estudos na faculdade. Sou de Araranguá – Santa Catarina. Sou formado em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Especialista em Game Design e Docência para Educação Profissional, Mestre em Tecnologias da Informação e Comunicação e Pós-graduado em Gestão Estratégica de Marketing. Já tenho mais de 15 jogos no meu portfólio, tanto educativos, advergames quanto de entretenimento, feitos para jogadores e empresas. Toda essa experiência veio dos meus estudos, experimentos sozinho e, no passado, tive um estúdio de jogos chamado “Céu Games”. Atendi clientes com jogos customizados de acordo com a necessidade deles e ganhamos o Prêmio Mobile Fest de Aplicativos Móveis da Claro em Primeiro Lugar com o game Sperm Race. Também trabalhei como redator do site Nintendo Blast, cuja experiência me ajudou a analisar jogos dos mais diversos do mercado. Publiquei em 2021 meu primeiro jogo no Steam: o Born Race. Hoje sou game designer, professor, escritor de ficção e cuido do site Fábrica de Jogos, portal sobre desenvolvimento de jogos com canal no Youtube voltado a game designers. Meu foco está na educação dos desenvolvedores de jogos e, principalmente, game designers iniciantes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *